- álcool: um prazer que pode ser destrutivo

     Foi-se o tempo em que beber devagar, saboreando, sempre com alguma comida no estômago, perceber quando é a hora de parar e dizer chega. Hoje bebe-se para perder o controle,alterar a consciência, num exercício de risco -num esforço que poder transformar o álcool em droga pesada.

  Os adolescentes e jovens de hoje atacam a garrafas seguindo o mesmo padrão de quem consome drogas ilícitas : a idéia é ingerir o máximo possível, no menor período de tempo, para curtir os efeitos pesados da bebida em minutos. “O negócio é entrar turbinado”  diz o estudante Gustavo Moraes de 18 anos. Beber pesadamente, é um hábito que ganha adeptos a partir de idades cada vez mais precoces. Um estudo feito com adolescentes de classe média alta do estado de São Paulo, constatou que 42% bebem até oito vezes por mês, 14% ingerem álcool entre nove e vinte dias por mês e 9% são bebedores pesados (mais de vinte sessões mensais). Os estudos comprovam que um terço dos adolescentes diz que começou a beber entre 10 e 12 anos. Uma década atrás, a idade média da iniciação era de 14 anos.

    Bebedeiras exageradas costumavam ser associadas à combinação da juventude com testosterona. Até hoje, rapazes viram copos como se o gesto fosse uma demonstração de virilidade. Quanto mais cedo a pessoa começa a beber, maior é a probabilidade de ela vir a ter problemas com álcool: 9% dos adultos que deram os primeiros goles aos 14 anos passaram depois a categoria de dependentes. E os que começaram a beber depois dos 21, esse índice é apenas de 1%, segundo a publicação Uso e Abuso de álcool, lançada pela universidade Havard. As adolescentes de hoje, estão formando a primeira geração de mulheres que se igualam aos homens nos índices de alcoolismo, como se a bebida fosse uma área de prevalecer a equidade entre os sexos. Joana e Letícia são duas irmãs, de idades respectivamente 19 e 21 com uma outra amiga de 20. Saem juntas para cuidarem umas das outras caso elas sintam sono no caminho da balada, já que uma delas vai dirigindo. Mas porque beber tanto? “Bebendo me sinto menos tímida e mais sociável. Álcool descontrai e tira o vínculo da rotina” diz Letícia. “Fico mais leve, mais tranqüilo, chego nas minas mais fácil” explica o estudante de Direito Felipe Sampaio.

     Em todo o mundo uma em cada oito pessoas que bebem regularmente vira alcoólatra. O principal temor é pela grande maioria que não chegará a se tornar dependente, mas poderá ter problemas de saúde por ter se acostumado desde cedo. Excessos de fim de semana, mesmo que não levem a dependência causam danos progressivos ao organismo.E aumentam o  risco de acidentes de trânsito e violência.

    Como dizem os sabidos algumas bebidas alcoólicas proporcionam grandes prazeres na vida- como o copo de vinho Borgonha  ou o refrigerante do jantar, um milkshake no cinema, uma cervejinha gelada na praia. Como outras coisas da vida, o problema não está na substância em si- mas no exagero e no descontrole.